quarta-feira, 16 de maio de 2012

Dinâmica de Deus no Tempo e Eternidade

          A dinâmica das manifestações e do Reino de Deus possui duas dimensões: A eterna e a temporal, ambas só podem ser discernidas pelo Espírito Santo em nós, de forma que só quem é espiritual consegue compreender esse mistério. Mais, para ilustrar e informar a respeito do assunto precisamos buscar auxílio na física quântica, não na teologia. Como diz Caio Fábio: “A visão teológica é muito imatura, pois apresenta o tema colocando Deus preso à linearidade do tempo. Nesse caso, Deus escolheu antes, e nós cumprimos papéis, com uma liberdade que só existe em nossa sensação de liberdade, mas que de fato, não o é, visto que todas as coisas estão preordenadas antes de acontecerem”.
Só Deus é.  Só Ele pode afirmar “Eu Sou”, Ele é Deus de vivos e não de mortos, pois, para Ele, todos vivem. Nós existimos no “cronos”. Caio Fábio diz que: “... eu sou filho do tempo, e para mim o passado aconteceu, o presente está sendo, e o futuro será! Mas para Deus, tudo o que está acontecendo no tempo como sucessão de eventos — com passado, presente e futuro —, simplesmente não acontece assim. As coisas são assim para mim; porém, para Deus, tudo é; e tudo acontece em simultaneidade”. Ele sabe o que se passa no passado e no futuro ao mesmo tempo, pois está acima da dimensão do tempo, pare Ele só existe o Agora!
            Outra questão é a diferença entre o Evangelho do reino e a Graça de Deus; pois, na verdade o Evangelho é um só com manifestações distintas, uma é a Graça e a outra é o Reino, como ensina o teólogo Watman Nee, abordando a diferença entre Salvação/Eternidade e Entrar no Reino dos céus. Ele prova, com riqueza de textos bíblicos que não são a mesma coisa. A graça nos dá um presente, a SALVAÇÃO, o Paraíso, a Eternidade, que de acordo com Paulo, “não vem de vós é dom de Deus, para que ninguém se glorie”. Ou seja, na Graça, qualquer pessoa recebe o presente imerecido de Deus, pelo arrependimento e fé.
           No Reino, eu recebo um prêmio pelos meus esforços na caminhada do evangelho vivido, testemunhado e pregado, para recebê-lo é necessário esforço; posso como embaixador em terra estranha, usufruir de seus benefícios aqui, nesse tempo, mais seu Prêmio maior, a Coroa (utensílio de Rei), Trono (posição de Reino), governo de cidades (status de Rei), eu recebo ao ENTRAR no Reino com Jesus no MILÊNIO, que é literal e não simbólico como muitos gostam de alardear.
Um exemplo prático é o daquele diálogo de Jesus com o malfeitor da cruz que foi crucificado juntamente com Ele, quando disse: “Jesus, lembra-te de mim quando entrares no Teu reino”. (Lc 23:42). O Senhor Jesus não lhe prometeu o reino, mas respondeu-lhe: “Hoje estarás Comigo no Paraíso”. (v. 43). O Senhor não lhe negou a salvação, pois ele creu, invocou o seu nome...; mas para o reino, faltou obras, faltou empenho, testemunho do evangelho, batismo, etc. Uma vez que O invoquemos, podemos ir para o Paraíso. Mas, a dinâmica de Deus para com a vida eterna e o reino dos céus é diferente: um é o presente de Deus e o outro é a recompensa de Deus.
          Observe que Jesus diz para o malfeitor que “hoje mesmo estarás comigo no Paraíso”; mais na verdade ele foi ao “hades”. A bíblia diz: “que a sua alma não foi deixada no hades,” (At. 2.31). Ou seja, cronologicamente; três dias ele passou no inferno, para deixar lá nossos pecados – Lugar de pecado é no inferno! – Quarenta dias ele passou com seus discípulos; (At. 1.3). Sendo no total quarenta e três dias até subir definitivamente aos céus. Como então Ele afirma que “hoje mesmo estarás comigo no Paraíso”? É porque o Paraíso é o céu, a morada de Deus, lugar de vivos e não de mortos, é a Eternidade – ausência de tempo – fora de nossa dimensão. Lá se encontram ao mesmo tempo, Abel, que foi o primeiro a morrer, os demais depois dele, até ao ex-malfeitor, agora crente e salvo pela fé; seguido de Jesus e Tiago, os demais apóstolos, eu, você e nossos filhos e netos até ao último ser a morrer na graça, porque também creu no sacrifício de Jesus como aquele ex-malfeitor. Por isso, João pôde ver a multidão de mártires de brancos vestidos, sem que no tempo presente nada houvesse ainda acontecido.
           Muito bem; com base na dinâmica do reino de Deus fora do tempo, já sabemos que Ele tem conhecimento de quem creu e de quem não creu até a consumação dos séculos, certo? Então, a predestinação só faz sentido do ponto de vista atemporal, espiritual e sobrenatural. Pois sabendo de antemão quem crerá e quem não crerá ele os trata como eleitos e perdidos na dimensão do tempo, respeitando sua liberdade com paciência, mesmo sabendo que tal pessoa jamais será salva. Assim, todos fomos predestinados para o inferno em Adão, postos debaixo de Sua “ira”, onde sem derramamento de sangue não há salvação e nem uma possibilidade de retorno ao Paraíso.
           Então entra em ação Seu plano maravilhoso, “o qual, na verdade, foi conhecido ainda antes da fundação do mundo, mas manifesto no fim dos tempos por amor de vós.” (I Pe. 1.20). Ele mesmo vem e derrama seu sangue em favor de TODOS, dando ainda a liberdade de escolha; para quem crer, a possibilidade de mudança na direção do seu destino; sendo novamente predestinado (porque o plano de salvação, foi feito antes de todas as coisas) para o céu, como era no princípio antes que Adão pecasse. Pelo que diz: “Portanto, assim como por uma só ofensa veio o juízo sobre todos os homens para condenação, assim também por um só ato de justiça veio a graça sobre todos os homens para justificação e vida.” (Rom. 5.18) ALELUIA!!
            Antes eu era predestinado para o império das trevas, morto e morrendo na direção do inferno. Mais por causa do Seu amor que me constrange, hoje e sempre, sou predestinado para a VIDA! Vida Eterna com os santos nos céus! Por isso, quem crê na Graça, crê em predestinação, mas não faz disso uma doutrina, pois sabe que Deus não é doutrinável, nem estudável, sendo apenas conhecível pela fé. Assim, quem crê, discerne; não explica. Quem crê, vive e caminha como testemunha do seu amor e não como juiz da moralidade teológica, baseada na letra, fria, morta, afirmando quem vai, ou não, ser salvo.
Célio Alves Nogueira
e-mail: celioanogueira@hotmail.com